Pontos Cantados na Umbanda e no Candomblé: Expressão de Fé e Conexão Espiritual

Pontos Cantados na Umbanda e no Candomblé: Expressão de Fé e Conexão Espiritual

Os pontos cantados são manifestações sonoras de profunda importância nas religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé. Eles desempenham um papel central nos rituais, funcionando como instrumentos de evocação, louvor, ensinamento e cura espiritual. Este artigo explora o significado, as características e as diferenças dos pontos cantados em ambas as tradições religiosas.

O Que São Pontos Cantados?

Pontos cantados são músicas espirituais entoadas em rituais e cerimônias. Eles podem ser acompanhados por instrumentos como atabaques, agogôs e caxixis, criando uma atmosfera que favorece a conexão com o plano espiritual. As letras carregam mensagens simbólicas, mitológicas ou didáticas, enquanto as melodias variam de acordo com a intencionalidade e o público presente.

Na Umbanda, os pontos podem ser cantados para evocar entidades como Exus, Caboclos, Pretos Velhos e Crianças. No Candomblé, os cantos são dedicados aos Orixás, trazendo elementos das línguas africanas preservadas, como o iorubá e o kimbundo.


Pontos Cantados na Umbanda

Na Umbanda, os pontos cantados são usados para diversos fins, como:

  • Evocação de Entidades: Pontos de chamada invocam a presença de entidades espirituais durante os trabalhos mediúnicos.
  • Louvor: Os pontos de louvor exaltam as qualidades das entidades e expressam gratidão.
  • Abertura e Encerramento: Alguns pontos marcam o início e o fim das girações espirituais.
  • Defesa Espiritual: São cantos que pedem proteção e afastam energias negativas.

Os pontos podem ser cantados em português e frequentemente contêm referências culturais brasileiras. Por exemplo:

“Bate tambor para seu Zé Pilintra, Bate tambor que ele vai trabalhar, Na sua gira ele vem ajudando, Seu Zé Pilintra é quem vai nos guiar.”

Este ponto enaltece Seu Zé Pilintra, uma entidade muito popular na Umbanda, pedindo sua proteção e guia.


Cantos no Candomblé

No Candomblé, os cantos são chamados de “orin” ou “cantos litúrgicos” e possuem forte caráter tradicional. Eles são utilizados para saudar e invocar os Orixás, narrar suas histórias e fortalecer a energia ritualística.

Os cantos no Candomblé são marcados pelo uso de línguas africanas e são transmitidos oralmente de geração em geração. Cada Orixá possui um repertório específico que reflete sua personalidade e atributos.

Um exemplo de canto para Oxóssi, o Orixá da Caça e da Prosperidade:

“O kere o! Oxóssi o kere o! Rei das matas, caçador, Salve o rei das matas!”

A melodia e o ritmo reforçam o aspecto guerreiro e protetor de Oxóssi, conectando os participantes à energia da natureza e da abundância.


Diferenças Entre Umbanda e Candomblé

Embora ambas as tradições utilizem pontos cantados, há diferenças importantes entre elas:

  1. Linguagem:
    • Na Umbanda, predominam cantos em português com elementos populares.
    • No Candomblé, as línguas africanas são fundamentais, mantendo viva a ancestralidade.
  2. Finalidade:
    • Na Umbanda, os pontos atendem a diversas entidades e são usados para mediunidade.
    • No Candomblé, os cantos são dedicados exclusivamente aos Orixás e seguem regras litúrgicas rigorosas.
  3. Instrumentos:
    • Na Umbanda, é comum o uso de atabaques e palmas como instrumentos de acompanhamento.
    • No Candomblé, os atabaques têm papel central e são tocados em ritmos específicos chamados de “toques”.

A Importância dos Pontos Cantados

Os pontos cantados são muito mais do que simples músicas; eles são a expressão de uma fé viva, carregada de energia e significado. Servem para unificar os participantes, harmonizar o ambiente e fortalecer o vínculo com o sagrado. Além disso, funcionam como meio de transmissão cultural, garantindo que as histórias e tradições ancestrais sejam preservadas.


Conclusão

Os pontos cantados são uma das expressões mais belas das religiões de matriz africana. Seja na Umbanda ou no Candomblé, eles convidam à reflexão, à conexão e ao respeito pela diversidade espiritual e cultural. Que essas melodias continuem ecoando, levando amor, proteção e sabedoria a todos os que se abrem para ouvir.

Luiz Ferreira

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